quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O Sonho de Pedro Passos Coelho - um texto de José Vítor Malheiros no jornal "Público".

"Um terço é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa. se não damos cabo deles, acabam por nos arrastar com eles para o fundo. E de facto não os vamos matar-matar, aquilo que se chama matar, como faziam os nazis. Se quiséssemos matá-los mesmo era por aí um clamor que Deus me livre. Há gente muito piegas, que não percebe que as decisões duras são para tomar, custe o que custar e que, se nos livrarmos de um terço, os outros vão ficar melhor. É por isso que nós não os vamos matar. Eles é que vão morrendo. Basta que a mortalidade aumente um bocadinho mais que nos outros grupos. E as estatísticas já mostram isso. O Mota Soares está a fazer bem o seu trabalho. Sempre com aquela cara de anjo, sem nunca se desmanchar. Não são os tipos da saúde pública que costumam dizer que a pobreza é a coisa que mais mal faz à saúde? Eles lá sabem. Por isso, joga tudo a nosso favor. A tendência já mostra isso e o que é importante é a tendência. Como eles adoecem mais, é só ir dificultando cada vez mais o acesso aos tratamentos. A natureza faz o resto. O Paulo Macedo também faz o que pode. Não é genocídio, é estatística. Um dia lá chegaremos, o que é importante é que estamos no caminho certo. Não há dinheiro para tratar toda a gente e é preciso fazer escolhas. E as escolhas implicam sempre sacrifícios. Só podemos salvar alguns e devemos salvar aqueles que são mais úteis à sociedade, os que geram riqueza. Não pode haver uns tipos que só têm direitos e não contribuem com nada, que não têm deveres.
Estas tretas da democracia e da educação e da saúde para todos foram inventadas quando a sociedade precisava de milhões e milhões de pobres para espalhar estrume e coisas assim. Agora já não precisamos e há cretinos que ainda não perceberam que, para nós vivermos bem, é preciso podar estes sub-humanos.
Que há um terço que tem de ir à vida não tem dúvida nenhuma. Tem é de ser o terço certo, os que gastam os nossos recursos todos e que não contribuem. Tem de haver equidade. Se gastam e não contribuem, tenho muita pena... os recursos são escassos. Ainda no outro dia os jornais diziam que estamos com um milhão de analfabetos. O que é que os analfabetos podem contribuir para a sociedade do conhecimento? Só vão engrossar a massa dos parasitas, a viver à conta. Portanto, são: os analfabetos, os desempregados de longa duração, os doentes crónicos, os pensionistas pobres (não vamos meter os velhos todos porque nós não somos animais e temos os nossos pais e os nossos avós), os sem-abrigo, os pedintes e os ciganos, claro. E os deficientes. Não são todos. Mas se não tiverem uma família que possa suportar o custo da assistência não se pode atirar esse fardo para cima da sociedade. Não era justo. E temos de promover a justiça social.
O outro terço temos de os pôr com dono. É chato ainda precisarmos de alguns operários e assim, mas esta pouca- -vergonha de pensarem que mandam no país só porque votam tem de acabar. Para começar, o país não é competitivo com as pessoas a viverem todas decentemente. Não digo voltar à escravatura - é outro papão de que não se pode falar -, mas a verdade é que as sociedades evoluíram muito graças à escravatura. Libertam-se recursos para fazer investimentos e inovação para garantir o progresso e permite-se o ócio das classes abastadas, que também precisam. A chatice de não podermos eliminar os operários como aos sub-humanos é que precisamos destes gajos para fazerem algumas coisas chatas e, para mais (por enquanto), votam - ainda que a maioria deles ou não vote ou vote em nós. O que é preciso é acabar com esses direitos garantidos que fazem com que eles trabalhem o mínimo e vivam à sombra da bananeira. Eles têm de ser aquilo que os comunistas dizem que eles são: proletários. Acabar com os direitos laborais, a estabilidade do emprego, reduzir-lhes o nível de vida de maneira que percebam quem manda. Estes têm de andar sempre borrados de medo: medo de ficar sem trabalho e passar a ser sub-humanos, de morrer de fome no meio da rua. E enchê-los de futebol e telenovelas e reality shows para os anestesiar e para pensarem que os filhos deles vão ser estrelas de hip-hop e assim.
O outro terço são profissionais e técnicos, que produzem serviços essenciais, médicos e engenheiros, mas estes estão no papo. Já os convencemos de que combater a desigualdade não é sustentável (tenho de mandar uma caixa de charutos ao Lobo Xavier), que para eles poderem viver com conforto não há outra alternativa que não seja liquidar os ciganos e os desempregados e acabar com o RSI e que para pagar a saúde deles não podemos pagar a saúde dos pobres.
Com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável. A verdade é que a pegada ecológica da sociedade actual não é sustentável. E se não fosse assim não poderíamos garantir o nível de luxo crescente da classe dirigente, onde eu espero estar um dia. Não vou ficar em Massamá a vida toda. O Ângelo diz que, se continuarmos a portarmo-nos bem, um dia nós também vamos poder pertencer à elite."

domingo, 10 de novembro de 2013

Retalhos da Europa sob o jugo da austeridade.

"Mamã, leva-nos para casa e nunca pediremos comida outra vez!" Com este grito doloroso, uma menina residente numa creche em Kallithea, Atenas, agarra-se à saia saia da mãe e pede...-lhe para levá-la e aos seus dois irmãos de volta para casa. A mãe, que os visitava para abraçar e brincar na creche que actualmente lhes dá comida e abrigo, foge a chorar, porque não se pode dar ao luxo de ter os seus filhos consigo.
"Mas, querida, não temos nada para comer em casa", responde. Sem se mover, a criança continua com uma seriedade para lá da sua idade: "Mamã, leva-nos para casa e nunca teremos outra vez fome, eu prometo!"

Via Huffington Post, artigo completo: http://www.huffingtonpost.com/justine-frangouliargyris/mommy-i-promise-we-will-n_b_4218829.html
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sábado, 9 de novembro de 2013

Grande Lição...

Primeiro dia de aula, o professor de 'Introdução ao Direito' entrou na sala e a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila: - Qual é o seu nome? - Chamo-me Nelson, Senhor. - Saia de minha aula e não volte nunca mais! - gritou o desagradável professor. Nelson estava desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala. Todos estavam assustados e indignados, porém ninguém falou nada. - Agora sim! - vamos começar . - Para que servem as leis? Perguntou o professor - Seguiam assustados ainda os alunos, porém pouco a pouco começaram a responder à sua pergunta: - Para que haja uma ordem em nossa sociedade. - Não! - respondia o professor. - Para cumpri-las. - Não! - Para que as pessoas erradas paguem por seus atos. - Não! - Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?! - Para que haja justiça - falou timidamente uma garota. - Até que enfim! É isso, para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça? Todos começaram a ficar incomodados pela atitude tão grosseira. Porém, seguíamos respondendo: - Para salvaguardar os direitos humanos... - Bem, que mais? - perguntava o professor . - Para diferençar o certo do errado, para premiar a quem faz o bem... - Ok, não está mal porém respondam a esta pergunta: "Agi correctamente ao expulsar Nelson da sala de aula?" Todos ficaram calados, ninguém respondia. - Quero uma resposta decidida e unânime! - Não! - responderam todos a uma só voz. - Poderia dizer-se que cometi uma injustiça? - Sim! - E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais! Vá buscar o Nelson - Disse. Afinal, ele é o professor, eu sou aluno de outro período. Aprenda: Quando não defendemos nossos direitos, perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia.
 
(Surripiado do facebook...Notícias 100 Censura)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Margarida Rebelo Pinto - Repulsa

Margarida Rebelo Pinto tem sido alvo dos mais variados ataques nas redes sociais motivados pelas declarações que prestou no programa Bom Dia Portugal da RTP 1. É de todo injusto atacar-se da forma como se tem atacado quem tem toda a razão no que diz.

Analisemos o que foi dito por Margarida Rebelo Pinto e vejamos como ela está absolutamente certa na linha de ...raciocínio que segue, partindo do benévolo principio que tem uma linha e do milagroso principio de que terá raciocínio. Margarida sente-se triste, profundamente triste enquanto cidadã Portuguesa que mora perto da Assembleia da República com as manifestações que se têm feito. Tem razão, tem toda a razão, é do piorio querer-se sair à rua para… sei lá rica, para beber um café por exemplo, perdão um chá (algo que ela não teve ter bebido em pequena) e ter de se levar com a gentinha toda na rua, ainda por cima fazerem barulho. “Có’rror”.

Além disso demonstram falta de civismo, não têm respeito nenhum, a rica que gosta de se levantar tarde tem de acordar a ouvir o povinho a berrar de tal forma que, ainda por cima, interrompem e perturbam aqueles que agora governam o País. Neste último argumento Margarida enganou-se, é que os que actualmente governam o País têm escritório na Av. da República, nem a plenos pulmões os berros do Povo em São Bento lá chegam. Perdoe-se este lapso de Margarida, coitada, não é obrigada a saber tudo.

Depois do erro anterior, teve um lapso de inteligência e reconheceu que não chegámos aqui por acaso. Muito bem Margarida, muito bem mesmo, não foi por caso não senhora, foi mesmo por incompetência, gestão danosa, compadrio, corrupção e outras sacanices que ela não referiu, nem tal se esperava, uma senhora é uma senhora e não deve dizer certas coisas. Ela até sabe que antes deste governo houve outro, aliás outros. Uau!!! Obrigado Margarida e eu que pensava que esta treta tinha andado em auto-gestão, antes tivesse andado.

Margarida Rebelo Pinto acha que os Portugueses têm falta de inteligência, portanto, dito de outra forma, são estúpidos que nem uma porta. Mais uma vez tem toda a razão no que diz, aliás, sendo ela Portuguesa é ela própria um magnífico exemplo desse défice de inteligência. Mas a derradeira prova de que os Portugueses são estúpidos verifica-se sem margem para qualquer tipo de dúvida com o simples facto de lhe comprarem aqueles amontoados de páginas a que ela chama livros.

Causa-lhe repulsa a ela e a mim também que alguém que foi desmascarada em 2005 por João Pedro George no livro «Couves & Alforrecas – Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto» em que explicou por A mais B que a literatura de cordel não passava de um auto-plágio tenha o despudor de aparecer de forma descarada a insultar os Portugueses. Repulsa-me que alguém intelectualmente desonesto tenha sequer a leviandade de abrir a boca para falar mal dos Portugueses e ainda por cima que o faça no canal público de televisão.

Diz mais Margarida, diz ela que como todos os cidadãos também teve cortes. É bonito e simpático ela confessar que teve cortes, mas perfeitamente desnecessário, já tínhamos dado conta que a lobotomia pré-frontal que lhe fizeram não tinha dado grande resultado. Portugal nunca teve grandes recursos explica Margarida esforçando-se por dar um ar de entendida. Se estava a referir-se aos seus próprios recursos enquanto pseudo escritora, tem razão, nunca teve e dificilmente virá a ter. Agora se estava a referir-se ao País, está de todo enganada. Portugal teve muitos recursos que foram criminosamente destruídos por ordem da Europa tendo sido o actual aposentado de Belém o carrasco ao serviço dos interesses que comandam a Europa.

Tenho de reconhecer que Margarida tem visão, diz ela que ficaremos muito bem se nos virarmos para as energias do Mar. Yeeessss é isso mesmo Margarida, dá-lhe forte, vai até ao Cabo da Roca olha para o Mar, para a sua energia e dá um passo em frente. Portugal e os estúpidos dos Portugueses agradecem. Eu, ao contrário do que Margarida Rebelo Pinto afirma até abro uma excepção, deixarei por momentos de ser treinador de bancada e vou com ela para a ajudar a definir a estratégia de tão magnifico passo em frente.

A terminar ainda sobrou fôlego para Margarida defender as taxas moderadoras dos hospitais, acha ela muito bem que se pague taxas, coisa estranha essa de se querer usar as coisas sem pagar. Alguém explique por favor à Dondoca, eu já não tenho pachorra, que pagamos e pagamos bem. Expliquem-lhe também que um reformado que recorre a uma urgência hospitalar ter de pagar vinte e tal euros, fora os eventuais exames, é um crime, é desumano.

Portugal é realmente um País estranho, tem a estranha capacidade de criar todo o tipo de anormais e além de os criar tem o mau hábito de os manter.

(Este texto é publicado na rubrica de cultura porque, por lapso, este site não tem nenhuma rubrica para a “falta de cultura”)

por Jacinto Furtado
em www.noticiasonline89.wordpress.com
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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Paulo Portas - O homem da TSU

Concentrar a atenção nas medidas que vão cair e fazer passar, por distracção, outras bem mais gravosas.

Um exemplo típico foi a intervenção de Paulo Portas sobre o "cisma grisalho". Portas concentrou-se naquilo a que chamou "TSU dos reformados" - designação que ele próprio criou com a habilidade de autor de soundbytes para, com a em...basbaquice normal da comunicação social, facilitar a concentração de atenção num nome -, deixando deliberadamente na obscuridade todo um outro conjunto de medidas contra os reformados e pensionistas, muito mais gravosos do que aquele que recusava. O resto é o habitual: toda a gente passou a falar apenas das peripécias da "TSU dos reformados", e esqueceu as outras.

(Excerto de um texto do Abrupto, blog de Pacheco Pereira)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Devolver a Palavra aos Portugueses

Devolver a palavra aos portugueses

Assistimos nos últimos dias ao apodrecimento do Governo. Ao inadmissível jogo de sombras entre o PSD e o CDS, em que cada um dos protagonistas tenta responsabilizar o outro pelo estado deplorável resultante da governação do País.

A degradação política do governo é um reflexo da crise social e económica decorrente da estratégia de austeridade que tem vindo a ser seguida. De cortes em cortes, de recessão em recessão, estamos cada vez mais pobres, mais longe de poder pagar qualquer dívida. O desemprego aumenta, os salários diminuem, as pensões são postas em causa, os serviços públicos essenciais são ameaçados.

A crise política arrasta-se há muito, sendo cada vez mais grave. É uma crise política decorrente das políticas protagonizadas pelo próprio Governo e cada vez mais contestadas pelos portugueses. Mas, de forma progressiva e crescente, é a democracia que tem sido posta em causa e a própria política desacreditada.

A cada dia que passa com este Governo em funções, agrava-se a situação económica, social e política, agravam-se as condições de independência e de soberania do País.

A demissão deste Governo e a convocação de eleições assumem hoje, mais do que nunca, um carácter urgente. O Presidente da República não pode continuar a sacrificar os portugueses em nome de uma estabilidade governativa inexistente e de uma estratégia falhada de ajustamento económico.

Os portugueses têm o direito e o dever de definir, livremente, as suas opções e a expressarem o que querem como políticas que garantam um futuro decente para Portugal. No entanto, eleições antecipadas não resolvem, por si só, os problemas com que estamos confrontados.

As políticas de austeridade, resultando de dinâmicas globais, exigem não só respostas políticas nacionais como internacionais. Mas, internamente, a alternativa política, para o ser, precisa de vencer bloqueios e valorizar convergências.

O Congresso Democrático das Alternativas (CDA) considera urgente a devolução da palavra aos cidadãos, através de eleições antecipadas o quanto antes. Estas eleições têm de ser caracterizadas pela verdade na análise dos problemas, no rigor das propostas, na clareza dos compromissos de governação.


A exigência de tais esclarecimentos constituirá uma preocupação central na intervenção do CDA nos tempos que se avizinham. As próximas eleições deverão constituir um processo exemplar de diálogo, de participação e de mobilização dos portugueses, a partir de propostas concretas e claras dos partidos políticos sobre os obstáculos e desafios com que Portugal se debate no plano interno e europeu. Um processo que tem de ser capaz de romper com os velhos compromissos políticos e sociais que condicionam o alcance e as possibilidades de efectiva mudança na governação do País.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Foi você que pediu estabilidade política? Um texto de Nicolau Santos no "Expresso" on-line.

Paulo Portas saiu hoje do Palácio de Belém, depois de se encontrar com Cavaco Silva e disse, com ar sério e pose de estadista: "Consideramos que o valor da estabilidade política é relevante não apenas para a governação do país, mas para a conclusão do programa de assistência financeira que Portugal assinou com a troika".
É muito difícil uma pessoa conseguir dizer uma piada e não se rir da própria piada. Nesse aspeto, Paulo Portas é do melhor que temos em Portugal. É um autêntico camaleão, que se transfigura consoante o meio onde está.
Se está entre os reposteiros de Belém, fica estadista. Se calcorreia as feiras, torna-se feirante. Se anda na lavoura, torna-se rural. Se visita um lar de idosos, torna-se na Madre Teresa. Se entra no meio artístico, mostra as suas outras artes.
Portas demitiu-se de forma irrevogável do Governo. Tinha razões legítimas para o fazer. Mas foi ele a causa da instabilidade política que abalou o Governo, levou os investidores a fugir e fez disparar os juros da dívida pública.
Vir agora dizer que considera relevante a estabilidade política não é só grotesco para ele. É tomar-nos a todos nós, espectadores da paupérrima ópera bufa que CDS e PSD tem protagonizado desde há semana e meia, como mentecaptos. E isso convenhamos que é demais. 
 


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Estou faro disto tudo! - Tiago Mesquita - 100 Reféns.

Estou farto de ver o país sequestrado por corruptos. Farto de ver políticos a mentir. Farto de ver a Constituição ser trespassada. Farto de ver adolescentes saltitantes e acéfalos, de bandeira partidária em punho, a lamberem as botas de meia dúzia de ilusionistas. Farto de oportunistas que, após mil tropelias, acabam a dirigir os destinos do país. Farto de boys que proliferam como sanguessugas e transformam o mérito em pouco mais do que uma palavra. Farto da injustiça social e da precariedade. Farto da Justiça à Dias Loureiro. Farto dos procuradores de pacotilha. Farto de viver num regime falso, numa democracia impositiva. Farto da austeridade. Farto das negociatas à terceiro mundo. Farto das ironias, da voz irritante, dos gráficos e da falta de sensibilidade de Vítor Gaspar. Farto dos episódios inacreditáveis do 'Dr.' Relvas, das mentiras de Passos Coelho e da cobardia de Paulo Portas. Farto de me sentir inseguro cada vez que ouço José Seguro. Farto de ter uma espécie de Tutankhamon como Presidente da República. Farto dos disparates do Dr. Mário Soares.
Estou farto de ver gente a sofrer sem ter culpa. Farto de ver pessoas perderem o emprego, os bens, a liberdade, a felicidade e muitas vezes a dignidade. Farto de ver tantos a partir sem perspectivas, orientados pelo desespero. Farto de silêncios. Farto do FMI e da Troika. Farto de sentir o pânico a cada esquina. Farto de ver lojas fecharem a porta pela ultima vez e empresas a falir. Farto de ver rostos fechados, sufocados pela crise. Farto dos Sócrates, Linos, Varas, Campos e outros a gozarem connosco depois de terem hipotecado o futuro do país. Farto da senhora Merkel.
Estou farto de ver gente miserável impor a miséria a milhões. Farto da impunidade. Farto de ver vigaristas, gente sem escrúpulos, triunfar. Farto de banqueiros sem vergonha, corresponsáveis em tudo, a carpirem mágoas nos meios de comunicação social. Farto de ver milhares de pessoas a entregarem as suas casas ao banco. Farto de vergonhas como o BPN e as PPP. Farto de ver um país maltratar os seus filhos e abandoná-los à sua sorte. E, finalmente, estou farto de estar farto e imagino que não devo estar só.
 
Também farto disto tudo!!!


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Presidente da República deste país existe?

CARTA ABERTA DE MAIS UMA QUE PARTE

Exmo. Sr. Presidente da República,

Começo hoje o meu caminho de saída. Saio do meu país levando comigo os meus trinta anos, os meus sonhos, a minha força e vontade de trabalhar. Saio do meu país escorraçada por uma economia podre e corrupta; por políticas sujas e elitistas; por políticos que há mais de trinta anos governam as suas vidas ao invés de governar o país. Onde o senhor se inclui, Sr. Presidente da República.
...
Começo hoje o meu caminho de saída. E deixo para trás um país que premeia o trabalho com pedidos de sacrifícios, o esforço de uns com a opulência descarada da vida de outros, os sonhos com frustração e desespero. Deixo um país a lutar pelo futuro e levo comigo a mágoa de não ficar para a luta. Mas a minha vida já esperou de mais; o meu filho de dois anos já esperou demais, já deve demais. Viver neste país tem sido uma teimosia que, para mim, termina agora.

Não sei se volto. Farei parte da grandiosa diáspora que V/ Ex.ª se farta de elogiar e louvar em folclóricos eventos, de gente que foi escorraçada do seu país? Serei um dos brilhantes cérebros em que os país investiu e que, estupidamente, mandou embora? Serei um dos repetidos exemplos daqueles que só depois de deixar o país alcançam o respeito do mesmo país que os ignorou enquanto lutavam por ele? Serei uma pessoa, mais uma, uma cabeça e um corpo a lutar num país que não é o seu? Isso, de certeza.

Deixo o meu país e sei que vou encontrar oportunidades novas e novos desafios. Mas não vo-lo agradeço. E dispenso os discursos paternalistas de que "há males que vêm por bem", de que devo receber com entusiasmo as dificuldades da minha vida porque elas escondem oportunidades imperdíveis. Dispenso esse discurso porque o meu país me retirou a possibilidade de escolha. Dispenso o seu paternalismo. A sua pena. O seu desprezo pela classe a que pertenço. Dispenso os seus discursos, os seus silêncios, as suas palavras, as suas reservas em contribuir para a governação de um país onde é Presidente da República. Dispenso-o.

Ainda assim, dirijo-me a si, porque, contra a minha concordância e o meu voto, é o Presidente da República do meu país. E tem responsabilidades, E devia pagar pela culpa que tem no estado a que as coisas chegaram. E como não paga, tem, ao menos, de me ouvir.

Começo hoje o meu caminho de saída. De si, Sr. Presidente da República que se dispensa de o ser, dispenso tudo. De si e de todos aqueles que, neste momento, encaminham o meu país para o abismo.

Ana Isabel Oliveira

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Barracada em duodécimos - Daniel Oliveira no "Expresso on-line"

Mais uma "barracada" do governo. Foi assim que o bastonário da Ordem dos Oficiais de Contas definiu o atraso na publicação do diploma que define o pagamento dos duodécimos dos subsídios. Deste atraso resulta uma confusão total nas empresas, que estão impossibilitadas de fazer qualquer tipo de planeamento na gestão de tesouraria, o que pode implicar negociações com os bancos. Coisa que, a 10 de janeiro, já é virtualmente impossível. Resultado: o primeiro duodécimo dificilmente será pago este mês. Estamos a meio do mês e ainda ninguém sabe quanto vai pagar ou receber. O bastonário António Domingues Azevedo resume bem o estado do País: "estamos a ser governados por rapazes que não sabem o que estão a fazer".
O improviso, em que tudo é feito em cima do joelho e apresentado como se de medidas longamente refletidas se tratassem, é a imagem de marca deste governo. Não é difícil de perceber porque é que isto acontece. Com um ministro das Finanças sem qualquer conhecimento da realidade económica do País - como grande parte das medidas que impõe demonstram -, um ministro da Economia que nunca conheceu uma empresa e um primeiro-ministro que, sem qualquer experiência executiva, pequena que seja, nada sabe sobre o funcionamento do Estado, é natural que a nenhuma medida corresponda um planeamento que tenha em conta a exequibilidade de cumprir prazos.
Esta ignorância dos que ocupam os lugar-chave no governo não explica apenas a sua incompetência. Explica a insensibilidade social com que governam. Quem não sabe é como quem não vê, quem não vê é como quem não sente.
Perante esta colossal trapalhada, não ficariam a gerir empresa exigente nem mais um dia. Mas eles são os que acham que a má gestão está na natureza do Estado. E encarregam-se de confirmar as suas próprias convicções. O que me espanta é como podem, tendo em conta o seu miserável desempenho, pedir rigor e competência aos portugueses.